trancá-los, sem nenhuma fresta
para respirar..."
A Última Mulher
Soni@ Pallone
"...Das tantas mulheres que fui
restaram apenas algumas...
Aquela que conseguiu
enxugar as lágrimas e recomeçar...
Aquela que não olhou pra trás
e seguiu no escuro a rota da lua,
removendo as pedras e os espinhos...
Restou aquela que aprendeu com as
perdas e ganhou algumas vitórias...
Que juntou alguns pedaços espalhados
com a vinda da vida nova,
e acolheu a inquietude
de cada um dos gestos insanos,
refletidos à luz do dia...
Das tantas mulheres que fui
sou agora, apenas eu,
e uma bagagem de sonhos
quase esquecidos..."
Pássaro Ferido
Sonia Pallone
"...Me olhei no grande espelho da vida...
No pensamento, as impressões registradas pelo meu cérebro
se abriam como um baralho de cartas coloridas,
e do porão do passado, a poeira escapava,
brilhando no sol da memória...
Deixei que o pequeno exército de lembranças
fizesse uma coreografia de cirandas melódicas,
enquanto as idéias giravam como moinhos de ventos...
Fechei os olhos e relaxei...
Pela lente da lucidez vi a exatidão das coisas...
Era a realidade! Senti sua lâmina cortante.
E de repente, percebi, que as coisas se embaçavam
como um vidro de espelho no banheiro...
Tudo se transformava num ponto de interrogação,
ou em uma desconfiança incômoda...
Duvidei do que vi e ouvi e por trás das frases
passei a perceber um sentido duplo...
Meu espelho me devolvia uma imagem turva
com os defeitos em saliente alto-relevo.
Triste como um colibri e frágil como uma haste
me encolhi e chorei por todas as dores
que não havia percebido...
Disfarcei o excesso de emoção e me deixei embalar
como um pássaro machucado
diante de um ninho vazio..."